Quem esperava uma eleição tranquila como a de 2008, se surpreendeu com as dificuldades enfrentadas por Padre Franco Vialetto para se reeleger em 2012. A grande vantagem conquistada por ele quando se elegeu prefeito de Cacoal pela primeira vez, deu lugar a momentos de dúvidas quanto a sua reeleição no pleito seguinte.
Em 2008, quando se elegeu prefeito de Cacoal pela primeira vez, Francesco Vialetto era conhecido apenas como Padre Franco, o italiano que morava há mais de 35 anos em Cacoal e que dedicava sua vida para o bem estar do povo e da cidade. Com um carisma inigualável e com um caráter incontestável, a vitória foi fácil e a vantagem nas urnas arrasadoras.
Em 2012, Padre Franco se reelegeu, mas apenas por ser o "Padre Franco". Sua administração agradou muito pouco! Mas aqui se abre um parêntese para concordar que o italiano pegou uma prefeitura praticamente devastada e levou meses, ou melhor, anos para por a casa em ordem! E foi essa a esperança dos que foram novamente às urnas votar em Francesco! Mas a esperança maior foi de que Padre Franco tivesse adquirido a experiência que ele não possuía no primeiro mandato e saberia administrar não só melhor, mas muito melhor a Prefeitura Municipal de Cacoal.
Passaram-se dois meses e alguns dias desde que tomou posse como prefeito reeleito, mas as primeiras atitudes e ações de Padre Franco fazem cair por terra a esperança dos milhares de cacoalenses que acreditaram que dessa vez seria diferente, seria melhor!
Pessoas que estiveram firmes ao lado de Padre Franco durante a luta de Davi contra Golias foram deixadas de lado, desprezadas! Pessoas "indesejadas" que deveriam sair, e assim suprir as expectativas da população, fincam raízes ainda mais profundas na administração municipal! Pessoas que apoiaram fielmente Padre Franco, agora dizem que se soubessem como seria seu novo mandato não teriam se engajado para que a sua reeleição fosse possível.
Alguns vereadores de Cacoal, tanto os que fizeram parte da coligação de Padre Franco, quanto os que foram da coligação contrária, foram enfáticos ao dizerem, na última sessão da Câmara, dia 4 de março, que existem pessoas que travam a administração municipal. "Não estou contra o senhor Padre Franco, mas quero que como prefeito o senhor tome pulso da prefeitura. Quero que o senhor saiba que quem manda na prefeitura é o senhor! Senão, do jeito que está, outros secretários deixarão suas pastas", destacou Bruno se referindo a saída de Raimundo Nonato, ex-secretário de saúde, que deixou o cargo no dia 1 de março.
Já o vereador Paty Paulista foi mais incisivo. "Dizem que tem duas cobras lá na prefeitura que travam tudo. Como é que vão nomear um secretário e não vão dar autonomia para ele trabalhar? Precisam dar um tempo e condições para que o secretário possa trabalhar", ressaltou.
Pegando o gancho do que foi dito por Paty Paulista, o vereador Adailton Fúria emendou: "Eu não sei se tem duas cobras na prefeitura, mas todo secretário que vem aqui reclama que tudo emperra no gabinete do prefeito. Precisamos ver o que está acontecendo! Como eu disse, o bambu vai chiar".
Em um aparte, Paty continuou: "Cacoal tem duas serpentes e se picou o prefeito eu não sei. Mas que ele está enfeitiçado ele está. São duas "senhoritas" que estão atrapalhando o desenvolvimento, o crescimento e o progresso de Cacoal. Quem reclama não é o vereador, mas é o povo, são os funcionários públicos.
Para encerrar a fala dos vereadores, Adailton Fúria foi taxativo ao insinuar. "Eu quero encerrar aqui dizendo, senhor presidente, que até o papa renunciou".
O mais engraçado, ou mais triste, é que ninguém consegue compreender como certas pessoas conseguem ter um poder tão grande sobre as ações de Padre Franco. Em rodas de conversas é sempre unânime a ideia de que a prefeitura não é administrada por um padre italiano, mas sim por uma donna bem abrasileirada!
O acesso ao Padre Franco é restrito! Parece que só entra quem agradar, ou quem não oferecer riscos a quem possa interessar. O descontentamento maior dos cacoalenses talvez não seja em relação ao desastre no qual se encontram as ruas do município, ao caos da saúde ou a qualquer outro problema inerente das cidades brasileiras. O descontentamento maior do povo de Cacoal é em relação ao Padre Franco que se deixa comandar por outros quaisquer ao invés de comandar ele próprio a cidade que escolheu para viver. Como alguém disse tempos atrás, "o ditado popular: Quando os gatos saem os ratos fazem a festa, deve ser um pouco alterado em relação à administração municipal de Cacoal, ficaria algo como: os ratos dominam o gato e sobre ele fazem festa!"
Mas será isso mesmo o que acontece? Padre Franco realmente é dominado, persuadido e comandado por outras pessoas cujos interesses ninguém parece entender? Ou os cacoalenses assim pensam para não dar margem a pensamentos devastadores como: Será que o Padre Franco seria capaz, ciente e conscientemente, de maltratar tanto assim a nossa amada Cacoal?
Uma coisa é óbvia: Padre Franco não vai (até mesmo porque não pode) disputar as eleições em 2016. Será que é isso que faz com que Padre Franco não se preocupe com a baixa aceitação que a sua administração está tendo pela população de Cacoal? Bom, outra coisa é certa, Francesco Vialetto não precisa se preocupar em fazer um ótimo trabalho, pois não tem "interesse" em continuar no poder. E julgando pela maioria, é esse pensamento que move grande parte dos políticos brasileiros.
Mas se o Padre Franco tem amarras que o impedem e fazem com que ele não se preocupe em cumprir o seu segundo mandato como prefeito de maneira satisfatória e dessa forma corresponder aos anseios da população, entrando para a história como um dos melhores prefeitos que Cacoal já teve, fica para o Partido dos Trabalhadores a responsabilidade de garantir uma boa administração. Afinal, Padre Franco não pode disputar a eleição em 2016, mas o PT pode cobrar uma excelente administração e dessa forma ter a possibilidade de fazer um sucessor e manter o Partido dos Trabalhadores no comando de um dos principais municípios de Rondônia. Se o Padre Franco não pode suprir as expectativas de seu povo, que o PT, mesmo que seja por interesse no poder, possa! Mas de um jeito ou de outro, as coisas precisam melhorar.
Fonte: Jornal Tribuna Popular